terça-feira, setembro 04, 2012

Bom Senso


Me encontro num boteco no centro de Esteio, acabo de comer um pastel feito na hora.
Desde os anos 90 não comia um pastel feito na hora.
Acho que os clientes já não podem mais esperar pelo pastéis.
Quem faz os pastéis é uma simpática senhora. Vem trazê-los pessoalmente até a mesa.
Está sorridente, vejo orgulho nos seus olhos. Tem plena confiança que gostarei dos pastéis e ela se preocupa com isso, sabe o que está fazendo e faz com gosto, pois canta e assobia ao preparar os pastéis.
Uma bela voz. Como de outras tantas mulheres que cantam atrás de fritadeiras e tanques para poucos e privilegiados clientes e vizinhos. A senhora sorri ao ver meu olhar de aprovação em relação ao pastel, e agora já pode voltar tranquila à cozinha.
Um senhor entra, me cumprimenta, mesmo sem me conhecer, deixa seu chapéu e sua bengala na mesa e pede uma cerveja e um cinzeiro. “meu deus ele vai fumar aqui” é o que penso. Já suficientemente oprimido e traumatizado pelos bares da minha cidade.
Ele finalmente acende o cigarro. Sem pressa.
E traga. Sem pressa.
Porque a pressa? Essa pressa de fumar rápido, e ficar assoprando para cima para não incomodar é que está nos matando.
Desde os anos 90 não via alguém fumar daquela maneira, com liberdade, sem culpa, sem ratos mortos estampados na carteira, sem olhares hostis, sem negatividade alguma.
NADA. Nada além dos lábios no filtro e da fumaça lançada para frente.
Prontamente peço um cinzeiro.
Estou realizado.