sexta-feira, setembro 26, 2014

Um Rap para a minha distante família


A batalha é necessária, parceiro, tu pode crê!
Não sou dono de funerária pra esperar alguém morrer pra ter
dinheiro que nem herdeiro de
bacana. Do meu pai só vai sobrar pra mim
Uns grafites apagados lá na Benjamin
Que como barras de ouro valem mais do que dim dim
Não to colhendo os louros, mas ta bom assim
Preocupado com a memória que o Pedro vai ter de mim
eu sigo escrevendo histórias como os irmãos Grimm
Pelas cantigas de ninar, minha mãe, vou agradecer
ando usando elas hoje pro meu filho adormecer
Mas não minto que no triste dia que tu falecer
Vou levar pra minha casa aquela pilha de L.P

Amo-os

quinta-feira, setembro 04, 2014

Não deu pra ser Deus

Recebi poderes sobrenaturais e por um momento eu era Deus, acho que não era um deus do bem, mas era um deus bem comum, pois, a quem estava naquela sala lancei a proposta de conversão: "110 ou 120"? Eu era um proselitista de mim mesmo. Meus olhos vidrados projetavam na parede estranhos símbolos onde predominava a cor vermelha, todos estavam assustados com aquilo embora permanecessem, curiosos, para ver no que iria dar. Uma mulher deixou seus 120: a gaveta abriu-se abruptamente sugando para dentro de si  110 e devolveu 10 reais que voaram para cima esticados e enrijecidos por aquela estranha energia, caindo depois leve e flacidamente na mão da mulher.  Meu colega me olhava em reprovação. De repente me levantei, algo dera errado. Perguntei à mulher se fiz algo que não devia e ela balançou sua cabeça para cima e para baixo num gesto longo e lento, ela não estava muito melhor que eu, fora convertida por um Deus que lhe perguntava o que fazer, ninguém precisa de um Deus sem certeza... de repente a energia foi perdendo a força e eu me senti pesado, pesado e líquido, eu estava derretendo como chumbo, e tudo ficou cinza, cinza chumbo. A tela de um pequeno netbook era a única coisa que brilhava em cores e começava a me atrair para dentro dela. Não! eu gritava, em vão... tentei correr para abraçar meu colega e minha única seguidora para pedir perdão, pedi para que contassem aquilo para outras pessoas. Era tarde. Minha voz já não saía e eu não era mais matéria, podia ver e não podia ser visto. Nenhuma selfie de despedida. Se pudesse voltar no tempo, jamais teria sido Deus.