sexta-feira, novembro 26, 2010

Com passos, compassos...(Rap)

Eu ando com passos
Mas são compassos que me movem
Assim como os abraços sinfonias me comovem
Escuto melodias e discursos se dissolvem 
A mente esvazia e problemas se resolvem 
Mas nem todos absorvem esse tipo de energia 
A arte é um prazer de uma minoria 
Não são todos que contemplam a lua vadia 
Nem todos têm paciência para a poesia 
Alguns são conduzidos pela orquestra do mercado 
Onde o que importa são papéis empilhados dentro de um cofre lacrado. 
Quem me dera
Poder acreditar em todo mundo da galera
Em cada bípede sem penas que divide essa esfera azulada 
Conectada 
por internet 
sem limite
 satélite
LCD 
Eliminando qualquer chance da gente se ver 
E sem contato não há nada 
Sem tato não há nada 
Sentado na privada
eu reflito sobre cada 
Palavra escutada ao longo da minha jornada 
Fernando Pessoa já me disse com clareza 
Que a única certeza é a certeza da incerteza 
E a certeza da incerteza também me fascina 
É como abrir uma cortina
da janela 
e através dela 
ver que são várias veredas cheias de neblina 
Pra escolher sua sina 
Umas que te levam à madrugadas nas esquinas  
Inalando substâncias que liberam dopamina 
Que te deixam pra cima
Sempre no clima 
Desfilando no salão envolto de serpentina 
Mas quando o de vez em quando começa a virar rotina 
Inicia-se o processo que escurece a tua retina 
Mas são ondas sonoras que direcionam a maré 
Nelas meu espírito pega jacaré

terça-feira, novembro 23, 2010

Pré-conceito

Sábado à tarde eu estava com ela em meus braços,

Gostava dela, embora cada vez que eu a beijasse sugava um pouco do que lhe dava importância.

Então encontrei um amigo e permiti que a beijasse também.

Nunca me importei com isso. Ele também a teve consigo nos braços. Conversávamos eu e meu amigo com naturalidade e ela ia, aos poucos, perdendo a sua importância.

Meu amigo foi embora, não sem antes despedir-se dela beijando-a novamente.

Ficamos só eu e ela andando por aí de braços como os casais fazem e ela ia perdendo a sua cor bronzeada,
conforme íamos conversando ela ia ficando transparente.

Sim, eu já a estava conhecendo melhor, ela ia perdendo os rótulos ficando igual as outras.

Então sentei na calçada com ela. Já cansado dela.

Era madrugada, dormimos juntos na calçada. Eu não conseguia mais solta-la.

Até que, de forma bruta, alguns amigos me juntaram na sarjeta e arrancaram-na das minhas mãos dizendo que ela era perigosa e já havia matado muitos por aí,

Eu, cego de amor, não aceitava nada do que eles me diziam, e pedia para que me devolvessem ela para que eu lhe desse pelo menos um beijo de despedida.

Foi então que alguém, mais exaltado, jogou-a com força no chão.

E foi uma queda mortal. - Assassinos são vocês! Eu gritava.

Nunca mais pude tê-la em meus braços, nem mesmo acariciar sua pele lisa e glabra.
Jogaram minha garrafa de whisky no chão.