Eu ando com passos
Mas são compassos que me movem
Assim como os abraços sinfonias me comovem
Escuto melodias e discursos se dissolvem
A mente esvazia e problemas se resolvem
Mas nem todos absorvem esse tipo de energia
A arte é um prazer de uma minoria
Não são todos que contemplam a lua vadia
Nem todos têm paciência para a poesia
Alguns são conduzidos pela orquestra do mercado
Onde o que importa são papéis empilhados dentro de um cofre lacrado.
Quem me dera
Poder acreditar em todo mundo da galera
Em cada bípede sem penas que divide essa esfera azulada
Conectada
por internet
sem limite
satélite
LCD
Eliminando qualquer chance da gente se ver
E sem contato não há nada
Sem tato não há nada
Sentado na privada
eu reflito sobre cada
Palavra escutada ao longo da minha jornada
Fernando Pessoa já me disse com clareza
Que a única certeza é a certeza da incerteza
E a certeza da incerteza também me fascina
É como abrir uma cortina
da janela
e através dela
ver que são várias veredas cheias de neblina
Pra escolher sua sina
Umas que te levam à madrugadas nas esquinas
Inalando substâncias que liberam dopamina
Que te deixam pra cima
Sempre no clima
Desfilando no salão envolto de serpentina
Mas quando o de vez em quando começa a virar rotina
Inicia-se o processo que escurece a tua retina
Mas são ondas sonoras que direcionam a maré
Nelas meu espírito pega jacaré