sexta-feira, setembro 17, 2010

Necrofilia

Você é com certeza a mais bela morta que eu já vi. Seus seios ainda continuam lúcidos e o seu corpo permanece fechado para mim - hermético - e agora sem as vísceras. Tive que lidar até o fim da sua vida com o fato de você ter dado para quase todos os meus amigos, menos para mim. És de fato uma linda morta, pareces tão viva quanto Lênin, banhado de formol, descansando intacto no seu mausoléu Soviético. Olhando-te assim, tenho vontade de deitar ao teu lado abraçado esperando a porta do caixão se fechar lentamente...Mas não sou tão idiota assim.

Lembrei da primeira vez que te vi. Eu andava contra o vento forte, mas estava sob a tutela do sol. Você, junto com o vento, vinha na minha direção e os tentáculos de sua saia longa  me distraíram o suficiente para que eu tropeçasse de forma ridícula na sua frente. Ainda pude observar o seu olhar desviando-se em direção ao chão e ouvir uma risada impregnada de sarcasmo quando você já ia longe, chegava a balançar os ombros.

Parecia que a qualquer instante você acordaria e saltaria do caixão, mandando os presentes tomarem nos seus respectivos cus. Em seguida certamente os conduziria até o bar mais chinelão das redondezas para comemorarmos a sua insurreição. Finalmente todos reunidos: família, amigos, desconhecidos e o coveiro, iriam te conhecer de verdade, pois agora a pouco nenhum preconceito faria sentido e o importante era justamente que você não havia morrido.

E aí sim, acredito eu, você cairia na realidade e daria para mim.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Ontologia furada...

Skinner diz :"Você não pode impor felicidade. Você não pode em última instância, impor coisa alguma. Nós não usamos a força! Tudo que precisamos é engenharia comportamental adequada."

Eu penso: Não tenho culpa de nada: Sou aquilo que a sociedade fez de mim.

Sartre sopra: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.”

Eu penso: Apesar dar restrições impostas pelo ambiente, ainda assim posso escolher o que julgo ser melhor para mim. Não posso fazer um papel de vítima, pois tendo a razão ao meu lado posso...bem, Freud acaba de me questionar quanto à razão e me diz que muitas vezes ajo através da minha inconsciência.

Concluo: Sou aquilo que sempre quis ser, com uma parcela detestável daquilo que nunca quis ser.