quinta-feira, março 31, 2011

Noite de Março de 2011...

Ao voltar da aula , ontem à noite, fiz uma rápida manutenção de minhas redes sociais e fui deitar no sofá com a pretensão de dormir.
Durmo no sofá, pois não tenho mais a quem agradar com uma cama arrumada, agora sou apenas eu, com todos os desconfortos que um homem impõe a si mesmo quando mora sozinho...
sem uma mulher, que ao mesmo tempo que inferniza sua vida, deixa você um sujeito mais próximo daquilo que chamamos de civilizado.
Regras, planejamentos, nada disso. Agora você é puro pragma.
Nem tudo é ruim, visto que desperta a curiosidade de pessoas que ficam intrigadas questionando como alguém sem emprego fixo, sem disciplina e alcóolatra sobrevive.
As mulheres te acham misterioso.
Mas as pessoas misteriosas, ao passo que atraem mais parceiras, conseguem mantê-las por pouco tempo.
Nenhum misterioso é maior que o seu próprio mistério.
Aquele papo bacana, com o passar do tempo sempre acaba perdendo para o fato de você não ter dinheiro para levá-la ao restaurante, ao motel, etc., o encanto acaba com a mesma rapidez que encantou a menina.

Mas como eu vinha dizendo, estava no sofá.
Esse é o foco.
Eu estava num estado de semi-transe quando tudo começou, mas de modo algum dormindo, ou chapado.
Estava lúcido, embora não tivesse o controle de parte do meu corpo.
Não havia ninguém ali, mas eu estava beijando alguém, não sabia quem era, tentava identificar aquela mulher que me perturbara o sono, aliás torcendo para que fosse uma mulher.
Podia sentir o seus lábios entre os meus lábios, e era bom.
Mas a sensação de prazer ia sendo subtituída por um medo terrível na medida que eu tentava me mexer e o corpo não respondia. Ainda assim eu tentava explorar aquele momento, foi quando pude vê-la melhor e era apenas um vulto vermelho e preto.
Apavorado tentei expulsá-la, mas sua força era muito maior. eu estava no mundo dela e não o contrário.
Nesse interim, movi minha cabeça para trás e pude ver minha gata, ela estava vendo a agonia pela qual eu estava passando mas não se movia, estava estática e seu olhar fixo em algo que estava acima de mim não em mim...tive medo da minha gata.
Foi então que direcionei minha força para voltar para dentro de meu corpo, notei que não estava mais dentro dele, não por inteiro,
A mulher continuava ali. Parece que não se conformava com a minha rejeição, abraçava-me contra o seu corpo sombrio e me olhava com seu rosto sem olhos, consegui voltar para meu corpo e então tive a pior de todas as sensações: senti que estava sendo brutalmente puxado para fora do sofá, fortes fisgadas no tendão, os dedos dos pés encolhidos pareciam as garras de um urso.
Nos raros momentos em que conseguia algum movimento, este era apenas com o tronco. brusco, aos solavancos e completamente inútil.
Minha gata saiu correndo.
Bravamente me desvencilhei daquela mulher indesejável que sumiu em meio as trevas da sala, eu ,quem diria: acendi uma vela para Oxum, uma estátua, um símbolo, não consegui fugir do óbvio, do medo, do fantástico, do sobrenatural,

Espero não tornar a ver da mulher de rosto flamenguista.

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