Recebi poderes sobrenaturais e por um momento eu era Deus,
acho que não era um deus do bem, mas era um deus bem comum, pois, a quem estava
naquela sala lancei a proposta de conversão: "110 ou 120"? Eu era um proselitista
de mim mesmo. Meus olhos vidrados projetavam na parede estranhos símbolos onde
predominava a cor vermelha, todos estavam assustados com aquilo embora
permanecessem, curiosos, para ver no que iria dar. Uma mulher deixou seus 120:
a gaveta abriu-se abruptamente sugando para dentro de si 110 e devolveu 10 reais que voaram para cima
esticados e enrijecidos por aquela estranha energia, caindo depois leve e flacidamente na mão da mulher. Meu
colega me olhava em reprovação. De repente me levantei, algo dera errado. Perguntei
à mulher se fiz algo que não devia e ela balançou sua cabeça para cima e para
baixo num gesto longo e lento, ela não estava muito melhor que eu, fora
convertida por um Deus que lhe perguntava o que fazer, ninguém precisa de um
Deus sem certeza... de repente a energia foi perdendo a força e eu me senti
pesado, pesado e líquido, eu estava derretendo como chumbo, e tudo ficou cinza,
cinza chumbo. A tela de um pequeno netbook era a única coisa que brilhava em cores e começava a me atrair para dentro dela. Não! eu gritava, em vão...
tentei correr para abraçar meu colega e minha única seguidora para pedir perdão,
pedi para que contassem aquilo para outras pessoas. Era tarde. Minha voz já não
saía e eu não era mais matéria, podia ver e não podia ser visto. Nenhuma selfie de despedida. Se pudesse
voltar no tempo, jamais teria sido Deus.
quinta-feira, setembro 04, 2014
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